terça-feira, 27 de setembro de 2011

Viva Baraúna



Assim como uma feira deu nome à Feira de Santana, uma árvore centenária batizou um de seus bairros mais populosos e conhecidos: a Baraúna. Sua presença massiva na Fazenda que pertencia a Felinto Marques de Cerqueira – comerciante de gado – tornou-se referência a medida que as léguas de terra foram sendo divididas e ganhando casas, multiplicando os pequenos currais e recebendo os charqueados. Tudo isso teve inicio entre as décadas de 20 e 30, antes mesmo da mudança da feira para o histórico Campo do Gado.

Gado que também influenciou no povoamento da Baraúnas, que por ser lugar de passagem das boiadas para venda, começou a servir de pouso e morada aos magarefes (trabalhadores que viviam do corte de carne) vindos de Sergipe e Pernambuco. Negros, de idade entre 20 e 45 anos, nascidos em famílias humildes, os magarefes converteram o bairro em um pequeno centro de comercialização de carne. Nele trabalhavam e moravam.


Lugar de quase nenhuma infra-estrutura já começou como periferia. Água, a época, era bem precioso que por muito tempo só se encontrava no auto do Sobradinho – bairro vizinho que abrigava bica e cisterna. Dona Maria acordava cedinho, sol ainda pra raiar. Menino no braço, lata d’água na cabeça. Um luta pra chegar, outra pra voltar cheia.

Quando os antigos moradores da Baraúnas ganharam sua própria fonte – de água e dignidade – todos a receberam com roupa de domingo ao lado de amigos e parentes vindos de outras partes da cidade, a convite. Uma verdadeira festa.

Tempos difíceis ontem. Tempos difíceis hoje. Mas, a baraúna é densa, forte, dura. Hoje, naquele chão ela já não mais existe. Contudo, deixou a sua semente...

* Com informações de Guilherme Venâncio Cerqueira.

Publicado em: http://www.angeloalmeida.com.br/viva_feira.asp

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